Nos dias 08, 09 e 10 de novembro de 2011, aconteceu em São Paulo o Estúdio Brasil, Congresso Latino Americano de Fotografia de Estúdio. É claro que não podia deixar de ir.
A proposta é fazer um review imparcial da impressão que ficou de cada palestra (se é que podemos chamar assim) e do evento como um todo.
Vamos lá.
O EB2011, diferentemente do ano anterior que foi no Memorial da América Latina, este ano aconteceu no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado. Uma pena, já que o espaço físico nem de longe é comparado ao que tivemos no ano passado. Uma vantagem foi a facilidade para o congressista fazer suas refeições; opções não faltaram.
Outro pecado cometido pela organização foi a extinção das mini oficinas que aconteciam simultaneamente fora do teatro. Era uma opção mais informal de integração com os palestrantes.
DIA 08 DE NOVEMBRO
O Italiano Emídio Luisi abriu o EB2001 falando sobre Fotografia de Espetáculo. Luisi realmente domina o assunto e deu dicas interessantes de fotometria, ética e como se posicionar ao fotografar um show, peça teatral ou dança. Teve uma performance de música e exemplos práticos. Emídio também contou histórias que marcaram sua vida.
Após o almoço subiu ao palco o grande fotógrafo Tony Genérico com o tema Gestão de Negócios. Tony lançou recentemente seu livro Estúdio – Fotografia, arte, publicidade e splashes pela Editora Photos. Não questiono NUNCA a qualidade do trabalho de Tony, mas sua palestra ficou parecendo uma propaganda de promoção do seu novo livro. Achei o conteúdo um pouco desconexo. Não é que foi ruim, não é isso. Ele apresentou ótimas dicas para iniciantes em estúdio; afinal de contas ele é fotógrafo e não um show man.
A penúltima palestra ficou por conta de Tales Trigo, falando sobre tecnologia, e disso ele entende. Na minha opinião, Tales ficou muito aquém do que ele realmente pode ser. Falou coisas que eu e muitos fotógrafos experientes discordamos muito. Falou de assuntos e não deu continuidade, ficando um buraco em diversos assuntos e infelizmente não dá para solucionar todas as dúvidas. Mas mesmo assim Trigo mostrou níveis de conhecimento profundo sobre a tecnologia de câmeras e sensores.
O simpático Newton Medeiros fechou o dia desmembrando alguns esquemas de iluminação de produdos e modelo. Uma palestra muito proveitosa para quem está começando nesta área. Não mostrou nada muito depurado, mesmo porque a intensão era mostrar um grande número de esquemas de iluminação simples.
Dia 09 de novembro de 2011
O segundo dia do Estúdio Brasil foi aberto pelo sempre otimista José Roberto Comodo em um bate-papo sobre composição. Não falando em linhas, formas, regra dos terços, etc. O tema foi muito mais abrangente e interessantíssimo. Uma aula de atribuições de significantes e significados de uma imagem fotográfica. Não é para quem acha que ler Flusser ou Barthes é perda de tempo.
É hora dos convidados internacionais. E na segunda palestra, Lance Keimig e a belíssima Fotografia Noturna. Teoria e prática na medida certa. Mostrou de forma rápida e simples como fazer um Light Painting no palco. Valeu a pena.
Hora de falar de Flashs dedicados com Lou Jones. Bem humorado mostrou como usar os flash ttl para iluminar diversos tipos de cena. Talvez os mais entendidos tenham achado a palestra chata por abordar de forma muito básica o tema. Particularmente não gosto de trabalhar com TTLs para estúdio (em fotos externas são uma mão na roda), então vou parar por aqui para não ser tendencioso. 🙂
O Retrato foi o tema que fechou o dia. Brian Smith sem dúvidas é um exímio retratista. Tem uma criatividade singular. Durante a palestra, eu cochilei duas vezes. Culpa de quem? Bom, para não ser injusto, vamos colocar que a primeira cochilada foi culpa dele e a segunda por minha culpa. Mas estava achando um tédio ele contando historias sobre os retratos que eram reproduzidos nos telões. Não aguentei e saí da palestra. Acho que eu perdi a melhor parte. Rs.
Dia 10 de novembro de 2011 – Ultimo dia de Estúdio Brasil
Já estou aqui no aeroporto pronto para embarque e resolvi escrever a última parte deste post.
O Fotógrafo Cacalo começou o dia falando sobre still, mais especificamente sobre fotografia de carro. Com bom humor e um conhecimento invejável, mostro como fotografar um carro levando uma réplica de um fusca em tamanho reduzido. Tudo feito na hora como dava pois a estrutura era bastante limitada. Rolou um merchandisingzinho da Dedolight, mostrando a resistencia do equipamento jogando-os no chão várias vezes. Bacana ver aquilo. 🙂 Usando um back poderoso, falou sobre os movimentos de báscula de objetiva. Na verdade o tema era o foco.
Para os fotógrafos que trabalham com publicidade, a palestra do mineiro Márcio Rodrigues. foi uma “mão na roda”. Ele começou contando a história do seu estúdio e mostrando um pouco dos trabalhos desenvolvidos por ele.
Usando uma campanha fictícia, começou a partir de uma imagem de uma paisagem urbana com contraluz e produziu a prática uma foto de um modelo a fim de unir as duas e formar uma imagem híbrida. A parte de pós produção ficou por conta do “Marreco”, membro da equipe de Márcio.
Toda explanação foi em um tom de muito humor e gargalhadas dos congressistas. Descontração total.
Kazuo Okubo e seus pelados encerrou o Estúdio Brasil 2011 falando de ética na relação entre modelos e fotógrafos em ensaios de nú. O brasiliense iniciou a palestra contando a trajetória de sua carreia fotográfica até os dias atuais. Iniciou um pouco nervoso, mas logo se soltou e fez o que sabe: lindas fotos. Para isso ele tinha à sua disposição uma modelo e faltava ainda um homem, o qual foi convidado da plateia. Apesar da falta de ética (isso mesmo… FALTA) de muitos congressistas que gritavam assoviavam e filmavam tudo, a palestra foi fluida e divertida. Okubo abusou de palavras “politicamente incorretas”, o que tornou mais descontraída ainda sua apresentação.